quinta-feira, 7 de junho de 2007


DECÁLOGO FELICIANO:

Em virtude de muitas confusões com centros guturais e órgãos culturais pelo mundo afora, faz-se necessário fornecer dez orientações definitivas a respeito de como devem ser lidas estas páginas da minha vida:

1) Eu, Dona Felícia, sou uma sujeita ficcional, mas de humana existência. Tanto, que cheguei a me transformar em amissíssima de todo o grupo de trabalho de meu criador. Quaisquer semelhanças com biografias, blogs, cartões magnéticos, contas bancárias, endereços, fatos, jornais, livros, lugares, nomes, passaportes, perfis, pessoas, revistas ou situações — dos mundos reais, imaginários e virtuais — não passarão de meras coincidências.

2) Como tal, a MEDA não existe; é um reino inventado. Querer compará-la com uma cidade ou nação seria o mesmo que fazer Sucupira equivaler ao Brasil e Macondo, a Aracataca, povoado em que nascera o Gabo.

3) As notas de rodapé, sim, é que podem enviar a situações reais. Contudo, muitas vezes, vêm-se mostrando falsas, o que as torna mais necessárias e verossímeis. Ah, quem as recomendou foi Bartleby, um amigo com quem o biógrafo passava as tardes de domingo no Lokotron da Carrer Marina, em Barcelona. Prescrição confirmada, em sonhos reincidentes, por um cego escritor argentino.

4) Na ficção, tudo é possível. Até prova em contrário. Daí que a MEDA pode ser lida com a terceira vogal média E — aberta, como ameba e Dona Léda — ou com a segunda vogal média. A mesma E, porém, de pronúncia fechada, a exemplo de Lêdo Ivo.

5) Palavras ou expressões entre aspas pertencem a outros.

6) A realidade pode ser mais ficcionalista e ficcionante do que a própria ficção.

7) Minha vida tem um quê de profética; deve ser lida com ajuda de cartomantes, quiromantes e videntes.

8) O CEL[1] da MEDA, assim como sua entidade co-irmã, a Academia Brasileira de Lesmas, rege-se por princípios de corporativismo, exclusão, nepotismo e puro mofo. Por isso, a Felícia quer defender a classe artístico-literária contra atos e pensamentos nefastos, erros e favorecimentos, injustiças e omissões. E que los hay, los hay!

9) Li, recentemente, a obra do franco-prussiano Marcel Rochas, intitulada Dez lições para se Tornar uma Pessoa Melhor. E estou me transformando — para melhor, por supuesto!

10) Quem levou destacado decálogo a sério, jamais poderá ser feliz nem me compreender. Sugiro continuar com suas leituras de auto-ajuda ou gourmets anônimos. E que, assim, vá longe, bem longe...

______________________________

[1] Nesse Centro Escriba de Lorotas, bananas de pijama e patronesses em camisola de dormir nada produzem, como em suas fazendas. Mas fazem questã das honrarias, trocadas, segundo o peso, por votos no secretário da curtura: um tal do João Cume D’Or, eterno candidato a tudo, de síndico a senador.

3 comentários:

Tabá disse...

Esse Blog é bem a tua cara! Rá, rá rá!
Pena que acabei ganhando uma concorrente forte...
Ou será uma colega bloguina?

Beijocas em ti e na Dona Felícia

Prof. André Mitidieri disse...

Dona Felícia é imperdível.
Mas quase sempre se perde. Nunca sabe se está na rua Lima e Silva ou na Avenida José do Patrocinho.

Dona Felícia, como Ela mesma diz, é indizível.

Agora junto com a Fabi, vamo que vamos

Unknown disse...

Você é o máximo FEFÊ. pode representar miss, drag, trans, bi, pan, sui generis, enfim TOTAL FLEX mais despojada da paroquia. Podia ser a,o amante do Papa. BEIJUX

CONCEIÇONA PIÑEYRA.