quarta-feira, 25 de julho de 2007


SANTA RITA E O ROMANCE DO REI

Dom João VI era O-Rei, mas gostou mesmo de ser Vice-Rei do Brasil, atividade ociosa que lhe permitiria dedicar-se à tentativa de escrever um histórico e santíssimo romance. Guiando-se pelos rascunhos do Eça e de Sir Walter Scott, empregou seus dons literários, o Dão Jão Bobo, a balouçar-se entre o estudo das hagiografias de Rita, beatificada-santificada-padronizada, e o travestimento desse corpo santo em sofrível personagem ficcional.

Descobriu, o egrégio escritor, que a criaturinha italiana trazia demasiado sofrimento para quem guardasse qualquer imagem dela, mesmo as medalhas de bolso. Haveria de ser por isso que viessem chorar aos uivos, tão tristes melodias, os portugueses.

Tão tristonhas, que Oliveira Salazar instituiu a musicoterapia como uma das formas de tortura do seu regime. Os opositores do cristão-novo ditador deviam escutar fados, amarrados a árvores que davam azeitonas e, dessas, engolindo até o caroço.

Só lhes livraria Santa Ritinha de Cássia e dos Cravos, a padroeira dos Impossíveis e dos sistemas de informação, a que igualmente ofereceu patronato para Fafe, Golpes e Fornelos. Por aí, teriam nascido a Amélia que era mulher de verdade mais a Amália Rodrigues, mulher de bigode.

Nem o diabo pôde com elas e, autêntico museu vivo, aquele trio de freguesias a Noroeste da Terra Portugalha conserva-se como nascedouro dos eléctricos bondes, do bico de papagaio, dos bicos de luz. Os últimos, exportados à colônia, desde a Central do Lindoso, mas com falha técnica, operaram como lampiões a gás no Rio Antigo. Não chore de saudade, “que isso dá samba, confete, serpentinas, carnavais”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tédio

Anônimo disse...

UahUahUahUah

Este blog tá d+++++

Parabens aos blogeros