sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A FAZENDA DO PUNHAL


Don Diogo Sosa, ancestral paterno da cantante Mercedes, e também da nossa fazendeira, chegara neste outro lado do Uruguay em 1811, oito do fevereiro, dez luas à frente do dia em que, no século futuro, nasceria a mais famosa de suas descendentes. Tão lembrado aniversário no correr dos anos, ao girar das águas, no mover dos moinhos e de removíveis montanhas.

Na madrugada posterior à chegança de Dioga, digo, Diógi; quer dizer, Diogo, ou seja, daquele que não era o Caramuru, os artilheiros de Joaquim Pedro Cruzeira Xavier Curado estacionaram no mesmo local, compondo um batalhão denominado Mocidade Independente da Coxilha Velha.

Preparavam-se para golear a Banda Marcial Oriental, fato a explicar o entusiasmo com que os uruguaios comemorariam sua vitória de 1950 sobre a seleção brasileira em pleno Maracanã, lotado.

Voltando ao Século XIX, passada uma semana, criara-se a Vara Eclesiástica de Marmelo Verde e São Luiz Gonzaga. A tal repartição eclesial, deveriam se submeter os Sete Povos das Missões, bem na conta do mentiroso.

Nesse dia 15, Don Diego — não, que esse é o Zorro —, então, onde digo Diego, passa a ser Diogo, escondido dos compatriotas, amancebou-se com a Sinhá-Moça Josefa da Silva Brasil, vulga Cotinha. No mesmo ano, entretanto, em lunas de outubro, Buenos Aires e Portugal marcaram os limites das províncias do Plata e deste Continente de São Pedro.

Na primavera seguinte, Droga, digo, Diogo, deixava o Ejército de la Salvación, e um filho no bucho da Cotinha. Partira em direção ao porto, alegre, de Buenos Aires, donde se transformaria no Libertador San Martín Fierro. E, assim, depois do nascimento do filho do desertor, Dona Josefa não haveria de chorar por onde sentia saudades.

Tornou-se amásia do Charrua Jerônimo. Santo, Playmobil e Seriado Televisivo. Jerônimo de Paula. Porque devoto de São Francisco, padroeiro dos Aparados da Serra; originalmente, San Francesco di Paola, o patrono da gente do mar da Calábria. Nesta pampa, o “mar dos ingleses”, a Sinhazinha ganhou nenê do índio, ao qual batizou Hipólito Brasil de Paula.

De prata, era uma faquinha, que Jerônimo herdara de um outro aborígena, o tal Pedro Missioneiro. Faca ou punhal, o utensílio trouxe muita sorte, é vero, veríssimo. Diogo, digo, Jero, amancebou-se com a Zefa, ou Dona Cotinha. Logo após, tornara-se proprietário de todo o Rincão de São Miguel, em cujo centro, situou a Fazenda do Punhal.

Azar teria o primeiro filho da Dona Cotinha, nascido em 1813. Quando moço, esse guri passou a ser conhecido por Dom-Don Francisco Brasil de Sosa. O irmão, que veio ao mundo em 1814, lhe disputaria tanto a mão de Pitanguy, a Lucrecia Bórgia, quanto um potente império econômico. De mais a mais, a ser dividido com uma irmãzinha — “a intrusa” — que nasceria dois anos depois do Hipólito, e logo após uma grande tragédia.

Um comentário:

Fabiana Guedes disse...

Sucesso, sempre, Felícia! Uma ótima quarta pra vc!